sexta-feira, 30 de março de 2007

O que é nacional, é bom!

O supermercado pode ser uma caixa de surpresas. Por vezes não encontramos o que mas óbvio lá deveria existir, mas por vezes o contrário acontece e somos surpreendidos da melhor maneira. A grande maioria das coisas a que nos habituámos a comprar em Portugal também existe aqui em Espanha, em diferentes marcas, com produtos um pouco diferenciados ou em quantidades menores, mas tem quase tudo. Ontem tive uma surpresa, deparei-me com uma das coisas mais comuns em qualquer mercado português mas que aqui se resumia a apenas duas ou três variedades, sumos Compal. Uma maravilha, colocou-me imediatamente um sorriso nos lábios e claro que trouxe logo uns quantos. Isto só me fez sentir a falta das pequenas coisas a que estava habituado em terras lusas. Os espanhóis bem podem ter quase tudo o que temos, mas eu não deixo uma oportunidade para puxar a brasa à minha sardinha, o que é nacional (português) é que é bom. Agora só falta mesmo encontrar os nabos, raio de legumes simplesmente não existem por aqui.

segunda-feira, 26 de março de 2007

Fim de semana em Milão

Pois é, já estava a pedir um paseio por terras de fora. O destino para este fim de semana foi Milão. Já conhecia a cidade, que para mim nem é nada de especial, cara, pouca coisa para visitar, enfim de toda a Itália é capaz de ser a cidade com menos piada. Mas um evento do BEST muda sempre a opinião no que toca a fazer ou não a viagem, e lá enchi a mochila e segui viagem. Cheguei ao centro de Milão pelas 01h15 da manhã e como já esperava, nenhum italiano à minha espera. Para ajudar à festa o suposto roaming automático do meu número espanhol não funcionava e o meu cartão tuga ficou por Madrid. Tentei os vários contactos que tinha por várias cabines telefónicas, apenas com o resultado de umas quantas moedas a menos e várias mensagens em voice-mail. Toca de sacar o instinto de orientação, lábia latina e um pouco de sorte do bolso para ver se conseguia dar com o sítio onde o pessoal estava reunido (resumindo, eu não fazia a minima ideia de onde era, mas sabia que seria perto do politécnico). Perguntei por onde seria e pus-me a caminho pelas ruas de Milão. 1h30 depois após ter sido quase atacado por um pastor alemão que era o dobro do tamanho da dona e me ter perdido umas quantas vezes, lá dei com o politécnico e com uma sorte descomunal, o pessoal estava mesmo lá todo reunido depois da noitada de pubcrawling. Que figura triste ser a única pessoa sóbria às 03h00 com a mala às costas e cansado como tudo. Bem os dias seguintes como qualquer evento do BEST foram de muito hard work + party harder (mais desta última parte). Voltei para Madrid afónico e com um atraso no voo de 2h30 a juntar à alteração para horário de verão. Hoje quando saía para o trabalho perguntava-me se não estaria a sair uma hora mais cedo por ainda ser de noite e na semana anterior já era de dia pelas 7h45..

Tapa da noite após fim de semana a pastas e pizza: pica-pau acompanhado de um resto de pomada que estava esquecida aqui por casa.

quarta-feira, 21 de março de 2007

O meu aquário.

Hoje foi dia de natação. Um regresso ao meu meio, há já 3 anos que não punha pé numa piscina de competição e logo após o primeiro mergulho fui invadido por uma sensação de extrema calma, que apenas as piscinas produzem. Parecia que me tinha deixado fora do aquário tempo demais. A sensação ardente do cloro e o seu sabor seco avivaram memórias de como me sinto bem na água. Todo o tempo apenas para mim e para os meus pensamentos, só é pena não haver mar perto para voltar ao mergulho em apneia. À que esperar pelo verão e por uma ida à praia, até lá é treinar e muito que hoje já me arrastava para sair da piscina, ou melhor, do meu aquário.

domingo, 18 de março de 2007

Noches, tardes y mañanas de borrachera

Este fim de semana foi mais uma marco. Tudo começou na quinta com a grande vitória do Benfica, umas jolas aviadas e já segui contente para casa. Na sexta foi mais uma noite com o pessoal do BEST ao qual se juntou um pequeno grupo de tugas, um novo bar onde as cubatas fluíam ao som de vários hits de pop e dance music, nessa noite as pernas já não eram o suficiente e lá tive de recorrer pela primeira vez ao táxi. Sábado por incrível que pareça o despertar foi muito suave (rum de qualidade é outra coisa) e cheio de força para ir dar uma corrida para o Retiro. À noite a janta foi por casa dos tugas que este fim de semana ficaram por Madrid e se baldaram às fallas de Valência. Muita vinhaça e muito jogo de "ping-pong" por essa noite dentro já nos levou bem quentinhos para o Pacha, a disco da moda. Por entre passos de dança entrámos no domingo e em luxo, podia ser o meu Ferrari mas não. Dia santo para tapear, fazer um roteiro de casas de tapas e beber umas quantas cañas, incrível a quantidade de fritos que se come numa tarde. Próximo fim de semana não pode ser tão violento, o fígado à muito que emigrou para parte incerta, qualquer dia segue-se o resto.

sexta-feira, 16 de março de 2007

Noites de glória.

Ontem foi noite de jogo, lá reunimos os tugas para ver o glorioso na taça UEFA. Aproveitámos a ocasião para saborear algumas especialidades da nossa terra, que alguém recebeu de encomenda especial. Sopa de agrião, broa, chouriço assado, tremoços e umas superbikes fizeram as suas maravilhas relembrando um pouco que nós também tapeamos com qualidade. Ao intervalo fui buscar a Ana Raquel que acabava de aterrar com alguns problemas na sua mala que tinha sido arrebentada, mas ainda voltámos a tempo de ver o final e a vitória do benfica. A noite acabou no Emboga por entre jolas.

Tapa da noite: Bola, tremoço, superbock...não há combinação melhor!

quarta-feira, 14 de março de 2007

E com isto tudo...faz um mês.

..um mês. O tempo realmente voa, tanto me parece que ainda ontem cheguei como que de nunca cá saí. Este primeiro mês passou de facto muito bem, talvez seja da novidade e de ainda não ter caído na rotina do dia-a-dia, ou talvez não..quem sabe. Mais um mês se aproxima, espero que seja tão bom ou quiçá melhor que este que hoje terminou.
É mais uma ocasião para celebrar pela tarde de tapas e cañas.

sábado, 10 de março de 2007

Onde é que vim parar?

Hoje é noite de derby espanhol, Barça vs Real Madrid. O jogo move multidões e muitos são os aficionados que não vão largar os ecrãs. Como estava uma tarde de sol decidi ir dar uma volta por estas belas calles. Estranhei começar a ver pessoas com várias bandeiras de espanha, afinal esta gente não era toda regionalista? Pensei que deveria ser pelo jogo, pois que maneira de se afirmarem contra a cataluña do que utilizar a bandeira do país? Segui pela Gran Vía e aí muitas mais pessoas com bandeiras, a coisa começava a parecer bem estranha, isto até chegar à praça Cibelles e dar de caras com um cenário magnifíco. Milhares de pessoas com bandeiras espanholas, um autêntico mar vermelho e amarelo. Uma manifestação contra a política do governo de atenuação de sentenças a membros da ETA. Sempre tinha visto este tipo de manifestações na televisão mas nunca pensei que estaria no meio de uma. De facto foi uma experiência única, pessoas não só de Madrid, mas de toda a espanha acorreram hoje à capital, da Galiza à Andaluzia, da Cataluña ao País Basco, todos se juntaram para demonstrar o desagrado contra esta política que favorece criminosos ao invés de os castigar.

Viernes de copas

E à sexta-feira, Deus criou as tardes de tapas e cañas. Chegando o final do dia de trabalho (14h da tarde) o patrão perguntou, "Então Luís este fim de semana vais para os copos?", claro que a minha resposta foi afirmativa, coisa que me agrada, a frontalidade e o à vontade que se consegue ter naquele escritório, estes colegas de trabalho são mesmo muito porreiros. Surpreendido com a quantidade de inveterados do álcool no seu escritório, trocámos opiniões sobre cerveja e passámos aos vinhos, o que levou ao inevitável, comparar as nossas beldades de Baco com as espanholas. A discussão terminou com uma aposta, em que cada um traria um exemplar, não excedendo a soma de 3€, para desfrutarmos de uma tarde de degustação e aí decidir qual o melhor. Após conversar tanto sobre vinhos a sede era extrema e lá seguimos para a tasca da zona. Umas quantas cañas e tapas aviadas a meio da tarde foi o suficiente para ir para casa meio torto. Com mais uma noite tuga planeada uma sesta era imperativa, e após 3 horas bem dormidas já as energias estavam restabelecidas para mais fiesta. Desta feita o local foi a casa do Sérgio, pizzas, vinho e vodka abriram as hostes da noite terminando com cubas e cerveja por bares madrileños. É assim la movida!

terça-feira, 6 de março de 2007

Metro e manadas

O metro de Madrid é uma coisa enorme, é fácil nos perdermos nas 12 linhas que se cruzam em diversos pontos, entrar no metro e não encontrar o mapa certo da linha em que andamos ou mesmo continuar numa linha circular esperando a estação terminal quando esta não existe. Por este mundo subterrâneo, passam diferentes pessoas, de diferentes sítios, com diferentes destinos. Bancas de jornais, pastelarias, músicos com os mais variados instrumentos e estilos, uma grande mescla de vida debaixo dos pés da cidade. Na minha viagem diária começo por descer nada mais nada menos que 6 lances de escada, bem até ao fundo cerca de 70m abaixo do chão, o ar é rarefeito e muito quente. Pelas manhãs impera a confusão, todos querem entrar e sair o mais rápido possível, não percebo se é a vontade de trabalhar ou de fugir do subsolo, eu voto na segunda. Já dentro do metro, as pessoas antecipam a chegada a uma estação movimentando-se para posições estratégicas, as carruagens que se situam mais perto das saídas da estação. A abertura das portas inicia o processo de fuga, a manada é solta e é o salve-se quem puder, pois eu vou chegar ao meu trabalho primeiro que tu. No metro existem três tipos de pessoas, ordeiras, desordeiras e indiferentes. As pessoas ordeiras saem do metro e seguem para as escadas rolantes em fila, aguardam a sua vez para subir muito pacientemente e na escada estacionam à direita sempre sem tirar os olhos do livro, jornal ou revista. As desordeiras, saem do metro empurrando os demais que se encontram pelo seu caminho, penetram no início das filas para as escadas e nestas sobem quase a correr. Os indiferentes, preferem não utilizar as escadas rolantes e aproveitam para fazer um pouco de exercício, o cálculo do tempo perdido na fila da escada e a aversão à confusão dos desordeiros faz-lhes escolher a utilização das pernas. Sair do metro ou mudar de linha também é complicado, com o volume de pessoas que por lá caminha somos obrigados a seguir o fluxo, o que por vezes nos leva ou a sair pela porta errada, entrar na linha em sentido contrário ou mesmo na linha errada. O metro de Madrid é uma verdadeira aventura.

sábado, 3 de março de 2007

Inauguración de mi habitación!

Assim foi a noite de ontem, festa russa em conjunto com a inauguração do meu novo quarto. Pode-se se chamar que foi mais um baptismo e desinfecção alcoólica do quarto tendo em conta a quantidade de vodka consumida e desperdiçada pelo meu soalho (durante uns bons meses não terei de me preocupar com quaisquer eventuais bichinhos). Lá juntei os tugas e mais alguns amigos espanhóis. Mais caras novas como sempre, num total de +-30 pessoas, a loucura. Caviar, salada russa e muita, muita vodka foram as atracções da noite. Umas lições de russo levaram a risada ao extremo, muito cuidado em dizer blah blah na Rússia. Mas uma coisa é certa, os tugas não falham, há que trazer sempre algo de trincar ou beber, nós estamos lá!

sexta-feira, 2 de março de 2007

Luís, el membrillero!

Não, não ganhei novos membros, nem me ando a dedicar ao malabarismo. El membrillero é apenas o puro exemplo de total "lost in translation" em terras espanholas.
Tudo teve origem na descrição das actividades que costumo praticar pelo verão algarvio à minha ex-companheira de piso María. Dessas actividades uma delas consistia em levantar-me por vezes pelas 6h30/7h para fazer mergulho em apneia. Lá expliquei no meu melhor portuñol que fazia "mergulhyo", não pareceu existir equívocos, mas María ficou com a ideia, de que na realidade, eu fazia era membrillo e assim ficámos. Ontem realizei o jantar de despedida da casa da María, de forma a agradecer as facilidades que ela providenciou ao longo destes primeiros dias e convidei também a Angéla para partilhar o momento e a comida exquisite. Variadas foram as conversas entre garfadas e copos de vinho branco. Estávamos então a falar de tatuagens e lá disse que se fizesse uma, seria de um polvo (pulpo), devido ao "mergulhyo", aqui como já dizia o outro, é que a porca torce o rabo, pois as espanholas lá se aperceberam que pulpo nada tinha a ver com membrillo e depois de explicar gestualmente o que era o "mergulhyo", que se traduz em castellano por submarinismo (dá que pensar se os espanhóis vão de submarino debaixo do braço para a praia), lá me explicaram o que era o membrillo, este afinal significa em bom português marmelo. Assim acabámos a noite, descobrindo a minha nova faceta de marmeleiro e rindo que nem perdidos.

Tapa do dia:
O excelente jantar que preparei - bacalhau à brás acompanhado de um suave branco Valdepeñas, seguido de umas doces maçãs assadas com canela.